Por ter sido o Decreto Legislativo 4.682, de 24 de janeiro de 1923, o ato que institui
no Brasil a Previdência Social, com a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões
para os ferroviários, em nível nacional, essa data passou a ser referida como o dia da
Previdência Social.
Advirta-se, para logo, que não foi essa a primeira lei de proteção social pátria porque,
como se sabe, quatro anos antes dela fora dado à estampa o Decreto nº 3.724/1919 (Lei
de Acidentes de Trabalho).
Mas, como datas são apenas convenções (quem sabe em que momento no tempo
estamos situados hoje? Desde quando se conta o tempo?) é de se indagar, isso sim, se
é digna de comemorações a efeméride aqui referida.
E a resposta, será, invariavelmente, sim e não.
Sim, porque a Previdência Social veio para ficar como o mais importante programa de
seguridade brasileiro e, desde 1934, foi elevada à dignidade constitucional.
Todos os meses, com rigor e método, milhões de beneficiários recebem a única quantia
que podem ter como certa e, possivelmente, único bem a garantir-lhes a subsistência.
O não, porém, se deve ao fato de se ver protelada a discussão necessária sobre a
verdadeira reforma previdenciária que se impõe.
O sistema, tal como concebido pelo modelo bismarckiano, não resistirá por muito
tempo e, se não forem apontados caminhos diferenciados, pode largar na rua da
amargura boa parte daqueles que confiam na sua aparente seguridade.
Para não irmos muito longe, nem mesmo as fontes de custeio existentes e demarcadas
pela Constituição, são respeitadas na respectiva integralidade.
Dia sim, e no outro também, são retirados do campo da incidência fatos notoriamente
demarcados como de exigência contributiva. Também são protelados infindas vezes
os pagamentos de débitos de devedores contumazes, quase que num incentivo para que
não cumpram a seu tempo a obrigação tributária.
Agora mesmo está a se discutir estranhável retirada do campo da incidência de parcela
significativa de setores contributivos importantes. O grave não é que setor deve pagar
mais ou que setor deve pagar menos. Tema que se confunde com a equidade no custeio.
E, sim, cabe definir que outras fontes de custeio substituirão aquelas de que o Estado,
generosamente, está abrindo mão.
É irritante, e impede a comemoração desse dia, que uma emenda constitucional – já
advertia Otto Bachof para o fenômeno das normas constitucionais inconstitucionais –
tenha riscado da Constituição o elementar comando segundo o qual toda a supressão
de fonte de custeio há de ter concomitante indicação daquela que a substituirá de
imediato, como elementar decorrência da regra da contrapartida. É o que propôs o art.
30 da Emenda n. 103, e 2019, ao cuidar do passado da contribuição sobre a folha, única
fonte de custeio efetivamente sujeita ao fenômeno da tributação vinculada. Enfim, os
romanos bem definiam certas normas como “monstra legum”.
Força concluir que as incertezas decorrentes da aprovação recente da reforma tributária
parecem apontar para novas turbulências no capítulo do financiamento da seguridade
social.
Sem querer passar mensagem de pessimismo, aqui cabe advertir para a urgente
necessidade de debate corajoso do fenômeno previdenciário e se e somente se a
seguridade social estiver devidamente assegurada a todos, aí sim será o caso de
entoarmos os parabéns.

1 WAGNER BALERA é Decano da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social

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El Día de la Seguridad Social
WAGNER BALERA 1
Por haber sido el Decreto Legislativo 4.682, del 24 de enero de 1923, el acto que
instituye en Brasil la Previsión Social, con la creación de Cajas de Pensiones y
Pensiones para los ferroviarios, a nivel nacional, esa fecha pasó a ser referida como
el día de la Previsión Social.
Adviértase, para luego, que no fue esa la primera ley de protección social patria
porque, como se sabe, cuatro años antes de ella fuera dado a la estampa el Decreto nº
3.724/1919 (Ley de Accidentes de Trabajo).
Pero, como fechas son solo convenciones (¿quién sabe en qué momento en el tiempo
estamos situados hoy? ¿Desde cuándo se cuenta el tiempo?) es de preguntarse, eso sí,
si es digna de conmemoraciones la efeméride aquí referida.
Y la respuesta siempre será sí y no.
Sí, porque la Previsión Social vino para quedarse como el más importante programa
de seguridad brasileño y, desde 1934, fue elevada a la dignidad constitucional.
Cada mes, con rigor y método, millones de beneficiarios reciben la única cantidad
que pueden tener como cierta y, posiblemente, única para garantizarles la
subsistencia.
El no, sin embargo, se debe al hecho de verse retrasada la discusión necesaria sobre
la verdadera reforma previsional que se impone.
El sistema, tal como fue concebido por el modelo bismarckiano, no resistirá por
mucho tiempo y, si no se señalan caminos diferenciados, puede arrojar en la calle de
la amargura buena parte de aquellos que confían en su aparente seguridad.
Para no ir demasiado lejos, ni siquiera las fuentes de costes existentes y delimitadas
por la Constitución se respetan en su totalidad.
Día sí, y el otro también, son retirados del campo de la incidencia hechos
notoriamente demarcados como de exigencia contributiva. También son aplazados
infinidad de veces los pagos de deudas de deudores contumazes, casi que en un
incentivo para que no cumplan a su tiempo la obligación tributaria.
Ahora mismo se está discutiendo extrañamente la retirada del campo de la incidencia
de porción significativa de sectores contributivos importantes. Lo grave no es qué
sector debe pagar más o qué sector debe pagar menos. Tema que se confunde con la
equidad en el costo. Y, sí, cabe definir que otras fuentes de costeo reemplazarán
aquellas a las que el Estado, generosamente, está renunciando.
Es irritante, e impide la celebración de ese día, que una enmienda constitucional – ya
advertía Otto Bachof para el fenómeno de las normas constitucionales
inconstitucionales – haya tachado de la Constitución el elemental comando según el
cual toda supresión de fuente de custeio ha de tener concomitante indicación de
aquella que la sustituirá de inmediato, como consecuencia de la norma de
contrapartida. Es lo que propuso el art. 30 de la Enmienda n. 103, y 2019, al cuidar
del pasado de la contribución sobre la hoja, única fuente de costeo efectivamente
sujeta al fenómeno de la tributación vinculada. Finalmente, los romanos bien
definieron ciertas normas como “monstra legum”.
Fuerza a concluir que las incertidumbres derivadas de la reciente aprobación de la
reforma tributaria parecen apuntar a nuevas turbulencias en el capítulo de la
financiación de la seguridad social.
Sin querer pasar mensaje de pesimismo, aquí cabe advertir para la urgente necesidad
de debate valiente del fenómeno previsional y si y solo si la seguridad social está
debidamente asegurada a todos, ahí sí será el caso de entonar las felicitaciones.

1 WAGNER BALERA es Decano de la Academia Brasileña de Derecho de la Seguridad Social

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